Ao longo dos últimos anos, o ensino de Ciência Naturais nas escolas de nível fundamental e médio vem sofrendo uma constante reformulação, não apenas em relação aos conteúdos a serem desenvolvidos, como também em relação às formas de se expor tais conteúdos ou de se atingir certas finalidades que se acredita serem finalidades próprias do ensino de Ciências Naturais.
Os volumes dos Parâmetros Curriculares Nacionais que dão as diretrizes relativas ao ensino nos cursos fundamental e médio, ao estabelecer em seu início um breve histórico acerca do ensino de Ciências nos últimos anos, lembram que até recentemente, “aos professores cabia a transmissão de conhecimentos acumulados pela humanidade. O conhecimento científico era tomado como neutro e não se punha em questão a verdade científica. A qualidade do curso era definida pela quantidade de conteúdos trabalhados”[1].
Essa forma de transmitir a Ciência acabou por omitir uma discussão que ao longo dos anos foi ganhando importância e gerando muito debate na sociedade moderna. Trata-se do tema da interação entre Ciência e Tecnologia, do progresso produzido pelas tecnologias modernas, da forma como essas tecnologias se ‘apropriam’ de descobertas científicas e geram um novo tipo de mercadoria, de grande ‘valor econômico’, que são os domínios particulares de conquistas tecnológicas protegidas por uma legislação de marcas e patentes. Observa-se que, paralelamente a um espantoso crescimento científico, cresce escandalosamente a miséria e a violência no mundo. Ao mesmo tempo em que assistimos sofisticadas conquistas no campo da técnica, presenciamos diversas formas desumanas de sobrevivência. Surgem, por isso, algumas perguntas pertinentes e inevitáveis: que progresso é esse que parece produzir um aumento da miséria em largos setores da sociedade? Que forma de progresso seria mais conveniente para se obter o bem-estar de toda a sociedade, presente e futura, e não apenas o benefício de uma minoria privilegiada? Como diminuir a exclusão social gerada pela moderna interação entre ciência e tecnologia? Poder-se-ia afirmar que, para isso, deveria haver um “progresso autêntico”, baseado em uma tecnologia “apropriada” a esse bem-estar de toda a sociedade. É pensando nisso que o MEC resolveu levar para a sala de aula o problema: “Faz-se necessária a discussão das implicações políticas e sociais da produção e aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos, tanto em âmbito social como nas salas de aula”[2].
É claro que, ao se levar um tema tão amplo e profundo para uma sala de aula de ensino fundamental e médio, o objetivo não é encontrar ai uma solução para tais questões sociais, mas criar, desde cedo, as condições necessárias para o debate, para a discussão séria de um tema importante para o futuro da humanidade. Nesse sentido, é uma preocupação do Ministério da Educação, implícita nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que as escolas possam contar com professores capazes de orientar essa discussão em seu trabalho educativo. “Numa sociedade em que se convive com a supervalorização do conhecimento científico e com a crescente intervenção da tecnologia no dia-a-dia, não é possível pensar na formação de um cidadão crítico à margem do saber científico”[3]. Transmitir o conhecimento científico, sua relação com a tecnologia e seus impactos na vida social, são tarefas do professor de Ciências no seu trabalho de formar cidadãos democráticos capazes de compreender e avaliar criticamente as diferentes formas de se gerir o ‘progresso’ através do conhecimento da natureza (Ciência) e no uso prático de seus recursos (Tecnologia).
Querendo enfatizar ainda mais essa idéia de formar cidadãos críticos a partir do ensino de Ciências, diz o documento do MEC:
“Apesar de a maioria da população fazer uso e conviver com incontáveis produtos científicos e tecnológicos, os indivíduos pouco refletem sobre os processos envolvidos na sua criação, produção e distribuição, tornando-se assim indivíduos que, pela falta de informação, não exercem opções autônomas, subordinando-se às regras do mercado e dos meios de comunicação, o que impede o exercício da cidadania crítica e consciente”[4].
Nesse sentido, como aluno do programa de pós-graduação da Faculdade de Educação, e atualmente professor de Física no ensino médio, penso que, dentro da oportuna proposta de reflexão dirigida aos professores pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de que “o ensino de Ciências Naturais pode contribuir para uma reconstrução da relação homem-natureza em outros termos”, diferentes dos atuais, uma diretriz que se poderia questionar aqui, e que está na base de toda essa discussão entre Ciência e Tecnologia, é a relativa à idéia de Progresso. Como o Progresso é entendido? Que tipo de ‘Progresso’ seria mais conveniente para se obter o bem-estar de toda a sociedade?
Essas perguntas têm sido feitas freqüentemente, de uma forma ou de outra, ao longo da história do desenvolvimento humano. Nas últimas décadas, no entanto, a questão do ‘Progresso’ social vem ganhando importância em razão do enorme avanço que as ciências naturais e a tecnologia vem obtendo, fruto de uma estreita interação entre as duas áreas de conhecimento. Pode-se até dizer que há praticamente uma fusão entre esses dois campos. É dentro das próprias empresas de tecnologia que se fazem inúmeras pesquisas científicas avançadas.
Antes de prosseguir quero esclarecer que não pretendo fazer aqui um levantamento exaustivo da idéia de ‘progresso’ ao longo da história do desenvolvimento humano, mas aproveitando as discussões levantadas nas aulas do curso ‘Ciência e Ideologia - Dimensões Sociais e Políticas das Idéias de Conhecimento e Progresso’ do Prof. Dr. Gildo Magalhães, pretendo apenas traçar alguns comentários acerca de duas propostas atuais em torno das polêmicas entre ciência, tecnologia e progresso social.
Uma realidade que se constata sem dificuldade é que o desenvolvimento científico-tecnológico atual avança de forma vertiginosa, ainda que a validade ético-política de tal avanço seja objeto constante de discussão. Os problemas sociais que surgem na esteira da atual forma de progresso da sociedade trazem consigo enormes polêmicas como as dos transgênicos, das clonagens humanas para o que se chamou ‘fins terapêuticos’, da poluição ambiental, da concentração da renda nas mãos dos que detém o poder de produção da tecnologia moderna, do sofrimento daqueles que, estando doentes, não podem usufruir de um avanço tecnológico na medicina porque não têm dinheiro, etc.
Tais questões não são novas. Na história da ciência temos vários exemplos de como as conquistas científicas são freqüentemente direcionadas, não para uma finalidade social maior, mas para interesses políticos, militares, capitalistas, etc. Já na antiguidade a ciência de Arquimedes era usada para fins políticos e militares. E desde suas origens a ciência moderna procura a realização prática de seus dois grandes ideais: o ideal cartesiano de um entendimento abrangente da realidade e o ideal baconiano do controle da natureza a serviço da humanidade. Em tempos de Newton, na Royal Society, aliado à idéia de Bacon de que a ciência deve dominar a natureza, há um claro espírito de ‘progresso capitalista’. Em artigo recente, ao fazer uma rápida retrospectiva sobre o desenvolvimento histórico da discussão sobre Ciência e Tecnologia, o Prof. Marcos Barbosa de Oliveira, referindo-se à época de Newton, diz: “O que se cristaliza na época é uma visão evolucionista, em que a ciência e a tecnologia constituem as principais alavancas do progresso. A ciência se encarrega de desvendar os segredos da natureza, livrando os homens das superstições e mistificações religiosas, enquanto sua aplicação prática, a tecnologia, permitindo uma dominação cada vez maior da natureza, torna muito mais eficiente a produção da vida material. Nos séculos XIX e XX, esta visão ‘progressista’ e tecnocientificista se consolidam, para o que muito contribuiu, no plano filosófico, a tradição positivista”.[5]
É precisamente a idéia de se buscar um ‘controle’ cada vez maior sobre a natureza, aliado a um empenho eficiente na produção de bens materiais, o vetor que dirige os avanços da moderna tecnologia. É como diz Gilberto Dupas: “O capitalismo global apossou-se por completo dos destinos da tecnologia, libertando-a de amarras metafísicas e orientando-a única e exclusivamente para a criação de valor econômico. As legislações de marcas e patentes transformaram-se em instrumentos eficazes de apropriação privada das conquistas da ciência, reforçando os traços concentradores e hegemônicos do atual desenvolvimento”[6].
As lógicas do lucro e do poder e as fortes regras de sigilo e de patentes determinam o atual senso de ‘Progresso’ social e econômico. Um ‘Progresso’ que, como sabemos, vem produzindo uma concentração cada vez maior da renda e, com isso, uma forte exclusão social dos menos privilegiados. Aliado a esse progresso, segue uma vultosa destruição do habitat humano através de manipulações genéticas e de contínuas agressões ao meio ambiente, pondo em risco aquilo que é patrimônio comum da humanidade. Por tudo isso, é necessário uma discussão profunda sobre a idéia de ‘Progresso’ e, em particular, sobre o papel que vêm assumindo as tecnologias da informação e da automação.
É preciso reconhecer, no entanto, que essa discussão não é nova. Marx foi quem melhor assinalou a relação entre ciência e tecnologia como um dos principais motores do progresso capitalista. A construção das máquinas era, para Marx, um dos fatores mais importantes da concentração de capital.
Colocado assim o problema do ‘progresso’, ainda que de forma rápida, e sua estreita relação com o da ciência e da tecnologia, quero apresentar agora algumas considerações de dois autores que, na minha opinião, apresentam sugestões criativas, profundas e necessárias, capazes de, se não transformar, pelo menos ampliar o debate em torno da questão do progresso. Um é Gilberto Dupas, coordenador da Área de Assuntos Internacionais e membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados da USP. É autor de vários livros e artigos relativos à moderna lógica que regula a economia global, suas tensões e suas relações com a tecnologia avançada, principal tema de discussão em seus trabalhos. O outro é o Prof. Hugh Lacey, australiano radicado nos Estados Unidos e que foi professor no Departamento de Filosofia da USP de 1969 a 1971. Apesar de morar nos Estados Unidos, mantém contato constante no Brasil ministrando cursos, participando de bancas, eventos, etc. Vou tomar suas idéias de um livro recentemente publicado em português, Valores e atividade científica[7].
Em uma de suas últimas publicações G. Dupas argumenta de forma muito clara que no mundo moderno globalizado, a liderança tecnológica é a que determina a condição hegemônica dos Estados que a detêm. A lógica do poder se assenta na competição entre as forças produtivas e esta em uma série de estratégias nos campos militar, econômico, político, ideológico e cultural.[8] A capacidade de articular e organizar a produção mundial, por parte daqueles que detêm o poder econômico, é, em última instância, o que vem determinando o perfil da nossa sociedade.
Para Dupas, as possibilidades que a tecnologia moderna vem criando no campo das técnicas tem afetado de maneira direta a vida das pessoas: aumento do desemprego, a exclusão social de grande número de pessoas condenadas a uma vida indigente em meio a um luxo abundante e um Estado em crise, etc. Por outro lado, cresce a cada dia o perigo em relação ao futuro dessa mesma sociedade. “Tecnologia da informação e automação estão hoje presentes em todos os lugares. Compõem as cenas da vida cotidiana, instaladas em nossa intimidade. São filhas do desejo, dele recebendo sua qualidade de ser complexo e não de um simples instrumento. São parceiras ambíguas e desconcertantes, exceto para quem delas tira seus objetivos de lucro e domínio. Operam com autonomia e podem se perverter, tornarem-se nefastas e agredir o próprio homem. A nova sociedade aceita que a técnica se imponha como dotada de um poder próprio, difuso, transnacional, controlado – para o bem e para o mal – pelas grandes empresas mundiais que a construíram e a exploraram”.[9]
Em toda sua análise, Dupas vai identificando as diferentes manifestações concretas do ‘paradoxo do progresso’ na sociedade atual. O desenvolvimento do saber científico e da correspondente prática tecnológica, a princípio, foi motivado pela moderna utopia lançada por Francis Bacon quando este lança o homem na conquista da natureza. ‘Saber é poder’ diz Bacon. Lema que revela uma firme disposição de ânimo de fazer dos conhecimentos um instrumento prático de controle da realidade. A ciência, segundo Bacon, deveria valorizar a ‘pesquisa experimental’, tendo em vista proporcionar resultados objetivos para o homem. A pesquisa científica e as técnicas deveriam, assim, gerar alternativas positivas para que os homens pudessem melhorar suas condições de vida pessoal e social. No entanto, não é isso que vemos. Teria a ciência mudado seus objetivos?
A ciência atual está a serviço das grandes corporações capitalistas e dos grandes Estados hegemônicos. O domínio da natureza proporcionado pela ciência e tecnologia produziu o domínio de uns homens sobre outros, de uns Estados sobre outros, de um exército sobre outros, etc. Levando em conta o nível a que esse domínio da ciência chegou na atualidade, é fácil de se perceber o risco que ele vem representando em relação, por exemplo, àqueles que não tem esse domínio. Possuir hoje a tecnologia de uma bomba com poderes inimagináveis é um perigo para toda a humanidade presente e, principalmente, futura. Dominar a biotecnologia e poder fazer clonagens humanas, ainda que se diga para ‘fins terapêuticos’, é, pelo menos, criar incertezas futuras, na medida em que se coloca em risco a própria identidade da pessoa humana. Maior perigo, talvez, nem seja o risco de guerras e destruições em massa, mas as interferências de países considerados centrais, evoluídos, em países chamados hoje periféricos, atrasados e subdesenvolvidos. Países considerados evoluídos avançam sobre países atrasados levando consigo um conhecimento tecnocientífico sofisticado. A promessa de estar trazendo o desenvolvimento com a evolução tecnológica aos que não a têm amplia cada vez mais a base do progresso capitalista. A real finalidade de tais interferências tem sido uma só: assegurar o crescimento necessário dos países centrais, aumentando cada vez mais o mercado, especulando e tirando proveito do atraso dos países periféricos.
Por outro lado, não há como negar as excepcionais conquistas da ciência e da tecnologia. Enormes benefícios a humanidade tem experimentado fruto dessa interação. Procurar uma alternativa de progresso, não é necessariamente encontrar uma saída à margem da realidade que temos. A ‘questão do progresso’ não será resolvida propondo uma paralisação da ciência ou da tecnologia, nem muito menos um retrocesso à idade da pedra, como alguns parecem sugerir, mas encontrando um caminho diferente. Trata-se de se perguntar: como fazer com que todo esse progresso tecnocientífico seja, de fato, dirigido para o bem de todos? Por outro lado, como minimizar os riscos que a ciência e a tecnologia vêm criando para o futuro da sociedade? Como fazer desaparecer do mundo a fome, a miséria, a exclusão, a violência, etc?
Em meio aos contrastes criados pelo atual modelo de ‘progresso’, de inspiração baconiana e atualmente em fase neoliberal que procura servir a determinados valores e não a outros, surge a reflexão proposta por Gilberto Dupas.
Para Dupas, são muitos os defensores de uma autonomia da ciência no sentido de que, sendo esta neutra, ela não pode ser qualificada como boa ou má. Não é a ciência diretamente a responsável pelos paradoxos do progresso científico-tecnológico. A tecnologia, porém, é uma atividade humana positiva, fruto de um fazer livre do homem e da sua cultura informada por seus valores éticos e morais. “O vetor tecnológico pode ter o rumo que a sociedade humana desejar, se for capaz de se organizar em razão dos interesses da maioria de seus cidadãos”.[10] Ao questionar, portanto, acerca do ‘tipo de progresso’ social que a ciência e a tecnologia pode (ou deve) produzir, a sociedade pode (e deve) definir os rumos que pretende para o seu desenvolvimento tecnológico. Essa aliança entre Ciência, Tecnologia e Progresso deve ser discutida freqüentemente e “requer, para isso, cidadãos esclarecidos, vigilantes e críticos, não consumidores fascinados”.[11] Formar esses cidadãos é tarefa da Escola. E aqui está o fundamental papel do professor que, além dos conteúdos de suas matérias, tem o compromisso de preparar seus alunos para um mundo melhor.
A colocação de Dupas lembra um pouco Milton Vargas quando, ao analisar os pressupostos filosóficos da tecnologia, afirma ser “necessário abordar as implicações humanistas da peculiar maneira de ser da tecnologia e dos seus conteúdos: a de ‘servir-para’”. Porém M. Vargas admite que já existe “tanto entre a ciência e a tecnologia, como entre a tecnologia e a indústria, uma espécie de filtro social que decide sobre sua aplicação e sobre as formas em que essa aplicação se deva dar. Tais filtros sociais são constituídos pelos órgãos de orientação, gerenciamento e política científica e tecnológica; associações científicas e tecnológicas e, finalmente, a própria opinião pública”.[12] Milton Vargas parece aceitar o status quo do desenvolvimento e não esclarece quem é que manda nesses filtros e quem decide as relações de poder na sociedade.
É claro que Dupas se refere a um nível de julgamento da tecnologia diferente do proposto por Milton Vargas. Se bem entendi a proposta de Dupas, ele se refere à força social de um partido político esclarecido, formado de cidadãos conscientes e críticos, que tem como função política, entre outras, a de definir o rumo que a sociedade humana deseja para o seu desenvolvimento. Não se trata, portanto, de deixar nas mãos de grupos pequenos – ‘órgão de orientação’ segundo Vargas – a definição de uma política tecnocientífica. Isso seria quase como pedir à raposa que tome conta do galinheiro. Aos grupos envolvidos mais diretamente com a produção tecnocientífica, Dupas vai propor a urgente necessidade de se encontrar uma “ética” para a produção e pesquisa.
Analisando o modo como as coisas estão evoluindo, Dupas identifica na sociedade pós-moderna um “vazio ético” que, para ele, tem deixado toda uma geração nas mãos das regras capitalistas de mercado. Para quem produz, o valor que conta é valor econômico. Para quem consome, manipulado pelo marketing, o valor que conta é possuir a última novidade do mercado. Os demais valores não contam, foram sepultados. O vetor do progresso é o vetor-lucro. O valor da vida humana e do bem-estar geral de todos é secundário.
As novas tecnologias vêm causando um enorme crescimento dos poderes do homem moderno. “Na verdade, um claro paradoxo se instala nas sociedades pós-modernas. Ao mesmo tempo em que elas se libertam das amarras dos valores de referência, a demanda por ética e preceitos morais parece crescer indefinidamente. A cada momento um novo setor da vida se abre à questão do dever. (...) As novas tecnologias na área do átomo, da informação e da genética causaram um crescimento brutal dos poderes do homem, agora sujeito e objeto de suas próprias técnicas. Isso ocorre num estado de vazio ético no qual as referências tradicionais desaparecem e os fundamentos ontológicos, metafísicos e religiosos da ética se perderam”.[13] Tudo é possível para o homem moderno. Sua capacidade de destruir os outros e a si mesmo, o presente e o futuro, alcançou proporções inimagináveis. “O desafio – segundo Dupas – é como possibilitar, na era dos homens ‘vazios’, voltados às escolhas privadas, a redescoberta de uma macroética, válida para a humanidade no seu conjunto”.[14]
A resposta a esta questão Dupas encontra em Hans Jonas, pensador alemão nascido em 1903, aluno de Husserl e de Heidegger que, instigado pelo potencial destruidor das novas tecnologias, introduziu a idéia de que se faz necessária uma nova teoria da responsabilidade. Uma “ética da responsabilidade” que pensa o presente, ao mesmo tempo em que olha para o futuro, e ‘decide’ construir no mundo uma convivência saudável para todos e que impeça o triunfo da barbárie tecnológica.
“A ética de Jonas –sua proposta para nossa civilização tecnológica – é metafísica, ontológica e rediscute os ideais de progresso. Explora as facetas da responsabilidade em relação ao futuro longínquo pelo qual somos responsáveis”.[15] Os imperativos de sua ética já não são os de Kant, mas, em palavras do próprio filósofo são: “Aja de modo que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida autenticamente humana sobre a terra; aja de modo que os efeitos de tua ação não sejam destruidores para a possibilidade futura de tal vida; não comprometa as condições da sobrevivência indefinida da humanidade na terra; finalmente, inclua em tua escolha atual a integridade futura do homem como objeto secundário de teu querer”[16].
Essa ética tem a pretensão de priorizar a “vida” humana presente e, particularmente, a futura, perante as ameaças da técnica. É uma ética ontológica, na medida em que faz referência ao “ser” do homem em perigo. Recorre, para isso, à idéia de responsabilidade, valor humano e social capaz de estabelecer conscientemente, a partir do próprio interior de quem decide – do homem –, os rumos que melhor se identificam com um autêntico progresso humano.
“Para apreender melhor o sentido dessa responsabilidade ontológica, referente ao futuro longínquo, ele –Jonas– oferece duas referências: a responsabilidade parental e a responsabilidade do homem de Estado. A responsabilidade parental, relativa ao filho, compromete para além das necessidades imediatas; é permanente, porque a vida do objeto, que prossegue sem se interromper, apresenta suas exigências a todo momento. Enfim, ela se refere ao futuro da existência da criança. A responsabilidade do homem de Estado deve colocar em causa a vida da coletividade. O homem político – mesmo que movido pelo gosto do poder – visa a um conjunto e se esforça em preservar uma identidade no tempo. Sua ação toma como objeto o ser futuro da humanidade”.[17]
A nova ética proposta, é claro, só poderá ser viabilizada dentro de certos padrões de governabilidade e de conteúdo democrático. É difícil, por exemplo, esperar que haja uma ‘ética de responsabilidade’ dentro de padrões neoliberais, onde os valores prioritários não são os mesmos que inspiram a nossa discussão. Também é difícil que, em um regime totalitário, antidemocrático, o vetor tecnológico possa ter o rumo que a sociedade humana desejar. Em regimes totalitários não há espaço para os interesses da maioria de seus cidadãos. Dessa forma, falar em uma ‘ética de responsabilidade’ engajada e não utópica, é falar de cidadãos conscientes, democráticos, críticos, responsáveis pela existência da humanidade presente e futura e no pleno exercício de seus direitos políticos. “Por isso nos cabe examinar lúcida e responsavelmente o poder das ciências e as técnicas modernas. E, a partir dessa ética ontológica, decidir por quais caminhos devemos ir”.[18]
Talvez, de imediato, a tarefa que nos urge no momento seja a de criar as condições para que em nossa cultura – a partir das Escolas, por exemplo – haja uma maior reflexão acerca do atual avanço do progresso. Que progresso é esse que agride o meio ambiente e o próprio ser humano? Que progresso é esse que supervaloriza a ciência e a técnica e parece não ter olhos para a miséria, a fome e as injustiças?
“Se não formos capazes de subordinar o desenfreado avanço tecnológico à moderação da moral e da razão –ou seja, ao bom uso da autodeterminação–, nossa espécie poderá estar pavimentando o caminho do poema de Robinson Jeffers: ‘Um dia a Terra vai-se coçar, e sorrir, e sacudir para fora a humanidade’.[19]
Como disse antes, minha intenção é apresentar, ainda que de forma muito rápida, as posições de dois autores que, para mim, têm muito a dizer acerca do crescente paradoxo envolvendo ciência, tecnologia e o modelo capitalista de progresso.
Agora quero fazer algumas considerações acerca das críticas elaboradas pelo Prof. Hugh Lacey ao tradicional modelo de ciência, tecnologia e desenvolvimento. Antes, porém, devo lembrar que os comentários e as análises que Lacey faz em seu esforço por encontrar uma forma nova de ciência, um caminho novo de progresso para as diferentes comunidades, são de uma riqueza teórica extraordinária, impossível de detalharmos neste trabalho. Não entraremos, portanto, nos detalhes teóricos de suas críticas, uma vez que suas discussões estão mais num plano filosófico que está além dos nossos objetivos.
Lacey vem desenvolvendo um trabalho de crítica à tradicional concepção de ciência e tecnologia. Seu empenho tem sido o de estabelecer os fundamentos filosóficos (e políticos) para a criação de um progresso verdadeiro, uma alternativa para a dialética ciência e tecnologia avançada. Nesse sentido seu ponto de partida é uma preocupação com os dilemas existentes nos países periféricos, e mais concretamente, em descobrir como esses países –especialmente na América Latina – poderão encontrar formas de desenvolvimento diferentes dos padrões oferecidos pelos países industrializados.
Em um de seus mais recentes livros publicados – Valores e Atividade Científica –, no primeiro capítulo sobre ‘Ciência e Valores’, Lacey comenta inicialmente a 48a Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), ocorrida em 1996, questionando o próprio tema adotado para aquele encontro: ‘Ciência para o Progresso da Sociedade Brasileira’. Para ele o tema sugere que a ciência possa ser aplicada ao progresso da sociedade brasileira e que os cientistas devam procurar um conhecimento científico capaz de contribuir para resolver os problemas específicos dessa sociedade. Em sua opinião, o que não estava claro no tema daquela reunião era o ‘tipo de Progresso’ que se deveria buscar para a sociedade brasileira:
“1) “Progresso” é um tema impregnado de valor. O que seria o “progresso” para a sociedade brasileira? Seria a incorporação progressiva do Brasil na ordem internacional neoliberal? Ou seria o progresso da libertação dos pobres dos sofrimentos que possuem causas sistêmicas? O que mais seria? 2) Seria possível à ciência servir ao “progresso”, em princípio, independentemente da interpretação que se faça de “progresso”? Seria a ciência de fato neutra? Ou seria a ciência especialmente bem adaptada para servir aos interesses de algumas perspectivas de valor mais do que a outras? E, no momento atual, servir ao projeto neoliberal?”[20]
Lacey tentará buscar uma resposta para estas questões refletindo sobre o papel que desempenham “os valores” no campo da ciência, da tecnologia e do desenvolvimento social. Na ciência moderna, os valores que determinam seu avanço são aqueles que satisfazem, segundo Lacey, os dois grandes ideais que marcaram a tradição científica: “o ideal cartesiano de um entendimento abrangente da realidade e o ideal baconiano do controle da natureza a serviço da humanidade”.[21] Esses ideais nascidos com a própria ciência moderna estão intimamente ligados à forma dominante de desenvolvimento tecnológico e à organização capitalista da sociedade. E é precisamente este um dos pontos chave das críticas de Lacey. Ele criticará o sistema capitalista neoliberal “por incorporar uma supervalorização do controle em detrimento de outras formas de relacionamento com a natureza, e a ciência e tecnologia modernas por serem manifestações desta postura”.[22]
Ao interpretar e analisar a postura cartesiana de um ‘entendimento abrangente da realidade’ e a baconiana de ‘controle’, Lacey acaba encontrando uma forma de conhecimento científico novo, um entendimento da realidade que, além de conhecer os princípios, os processos e leis da natureza, ele amplia-se com o entendimento das práticas sociais concretas de cada comunidade e cria condições para uma tecnologia mais libertadora e satisfatória para as sociedades menos industrializadas. Esta é a base da proposta de Lacey.
A realidade atual, no entanto, nos diz que através da ciência moderna e das tecnologias avançadas, o sistema capitalista acredita ter nas mãos o poderoso (e único) remédio capaz de resolver todo e qualquer tipo de subdesenvolvimento: é o remédio do desenvolvimento tecnocientífico, do progresso pela ciência moderna. De fato, não se podem negar os extraordinários avanços produzidos pela tecnologia moderna. Por outro lado, a fome, a miséria, a violência, a exclusão, etc. são também frutos dessa mesma tecnologia. Ainda piores são os estragos permanentes (efeitos colaterais) que essa forma de desenvolvimento costuma causar em certas comunidades. Para os que acreditam no mito da tecnologia avançada isso não deve ser preocupante, pois os problemas criados pela tecnologia devem ser resolvidos pela própria tecnologia. Essa afirmação admite então que a tecnologia pode trazer efeitos colaterais desagradáveis. Querer que ela mesma resolva os problemas que criou é um contra-senso. Se já sabemos que ela gera sérios problemas, por que não buscar outras alternativas de progresso?
Não há dúvidas –observa Lacey– de que aspirar por um padrão de vida semelhante aos característicos das sociedades industriais avançadas é obviamente sedutor, porém, a prática nos tem mostrado que as instituições responsáveis por esse progresso nas sociedades avançadas, ao se transferirem para realidades diferentes das suas – ao se deslocarem para países mais pobres – acabam sendo as causadoras de maior pobreza para grande parte da população.
É pensando nisso que Lacey, no seu esforço de reflexão por encontrar respostas para aquelas perguntas sobre o tipo de progresso adequado para a sociedade brasileira (e para outras sociedades subdesenvolvidas como a nossa), proposta na Reunião da SBPC, tem um ponto chave em seu discurso: trata-se da distinção que ele faz entre “desenvolvimento modernizador” e “desenvolvimento autêntico” e entre “tecnologia avançada” e “tecnologia apropriada”. É a partir dessas distinções que ele nos mostra a porta de entrada para a criação de uma ciência nova, diferente, mais adequada à realidade social, política e econômica dos países periféricos.
“Para o desenvolvimento modernizador, o estado de desenvolvimento é bem definido: é representado pelas instituições e valores hegemônicos nos países industriais avançados, e os processos de desenvolvimento envolvem crescimento econômico, industrialização, transferência de tecnologia moderna, integração à economia capitalista mundial, etc.”[23]
“Para o desenvolvimento autêntico, o que é bem definido não é o desenvolvimento, mas a condição presente dos empobrecidos, que pode ser empiricamente mapeada e teorizada em termos de noções tais como opressão e dependência. (...) Ele procura integrar o crescimento econômico com a reconquista pelos pobres de sua capacidade humana de agir e com a liberação de suas capacidades de exercer responsabilidade na determinação das condições que estruturam suas vidas.”[24]
Com a idéia de desenvolvimento modernizador Lacey descreve o padrão moderno de crescimento seguido nos chamados países centrais. Um padrão que é imposto à comunidade internacional por razões óbvias, mas também por esta não ter para si outras alternativas. E a possibilidade está precisamente na idéia de desenvolvimento autêntico, que integra crescimento econômico com desenvolvimento humano individual e social. Aqui é necessário advertir que esta proposta não se identifica com o chamado ‘desenvolvimento sustentado’, apresentado e amplamente discutido na Conferência do Rio (II Conferência Mundial para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – Rio – 92). Para Lacey o ‘desenvolvimento sustentável’ “é ambíguo e aberto à cooptação por versões tanto do desenvolvimento modernizador quanto do autêntico.”[25]
Essas críticas não devem ser entendidas como dirigidas diretamente à ciência e à tecnologia em si mesmas, mas à sua pretensão de querer ter, dentro de seus parâmetros, a solução para tudo e para todos, independentemente das realidades sociais e culturais envolvidas na hora de se decidir o que é melhor para uma comunidade específica. Trata-se, portanto, de criticar o exclusivismo tecnocientífico moderno. Se pensarmos que a ciência e a tecnologia têm como meta conseguir as condições necessárias para que os homens vivam e se desenvolvam com maior segurança e melhor bem-estar, o fato de não ser bem isto o que acontece em várias partes do mundo, significa que algo está errado e algo deve ser feito.
De acordo com as críticas de Lacey, falta para a ciência um entendimento mais completo das realidades. “Entendimento completo” é aquele que procura entender os fenômenos da natureza não apenas em seus princípios, processos e leis subjacentes, mas em “em todas as suas dimensões, aspectos, concretude e particularidades”. “O entendimento completo não abstrai a ciência nem da sociologia e da ecologia, nem das práticas e instituições que geram a ciência. A pesquisa que busca o entendimento completo tem desta forma um componente crítico ao tratar das práticas científicas dominantes, e um componente positivo de investigação informado por valores sociais”.[26] Só esse entendimento completo da realidade pode fazer com que a ciência e a tecnologia sejam capazes de obter as condições necessárias para que os homens vivam e se desenvolvam com maior segurança e melhor bem-estar. Ver a realidade segundo esse entendimento completo é vê-la com todos os seus ‘valores’, coisa que a ciência moderna não leva em conta, ou melhor, supõe que as questões de valores em cada sociedade estejam já resolvidas. É isso o que falta à ciência.
Esse entendimento completo, segundo Lacey, é o responsável por informar um tipo de tecnologia que ele chamará de “tecnologia apropriada”, aquela feita com a finalidade de servir os interesses de um desenvolvimento autêntico, onde “seus usuários, em comunidade, têm controle sobre sua produção e uso, e sobre suas condições materiais”.[27]
Estes são, a meu ver, os fundamentos de uma proposta séria de desenvolvimento social alternativo. Partindo do pressuposto de que a ciência e a tecnologia são formas eficientes de conhecimento e, portanto, estão na base de toda forma de progresso como motor que alavanca o crescimento, nada mais oportuno na atualidade que uma análise crítica sobre os princípios que sustentam uma ideologia universalmente aceita: a ideologia da concepção capitalista de ciência moderna e tecnologia avançada como única forma de progresso para toda a humanidade globalizada.
Antes de terminarmos, é preciso advertir, no entanto, que os trabalhos de Lacey não se limitam a considerações teóricas e abstratas, distantes dos problemas concretos destas sociedades. Suas considerações encontram repercussão em países periféricos, e mais precisamente, nos movimentos sociais que buscam novas alternativas de desenvolvimento e novas formas de aplicação tecnológica. Nesse sentido, podemos recordar as tecnologias ligadas à “agroecologia” e à criação de instituições de pesquisa que estudam formas de produzir o desenvolvimento autêntico em países como a Bolívia, onde há um interessante exemplo disso, a AGRUCO (Agroecologia Universidad Cochabamba, Bolívia). Podemos citar também os trabalhos práticos da pensadora e ativista indiana Vandana Shiva que, diante do fracasso da chamada Revolução Verde na Índia, defende as práticas da agroecologia, contra os avanços da biotecnologia e dos transgênicos. Seu trabalho se aproxima de tal maneira dos de Lacey que este chega a incorporar de forma significativa as contribuições dela às suas análises teóricas. Como enfatiza o Prof. Marcos B. de Oliveira em seu recente artigo sobre “A Ciência que queremos e a Mercantilização da Universidade”, “a agroecologia constitui um exemplo de tecnologia apropriada, que promove o desenvolvimento autêntico, e de uma abordagem na pesquisa científica alternativa à da concepção ortodoxa”. Assim, conclui o professor, “as reflexões de Lacey são extremamente valiosas, ficando distantes tanto de radicalismos estéreis quanto da acomodação passiva ao status quo”.[28]
Para terminar, restam algumas considerações. A minha participação no curso “Ciência e Ideologia” foi motivada pela discussão proposta pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, citada no início deste trabalho, sobre a pretensa neutralidade da ciência. Não é mais possível, segundo os PCN, formar nas escolas cidadãos críticos, ensinar ciência sem tratar das ‘ideologias’ que a envolve. E isso pela simples razão de que qualquer pessoa de bom senso percebe que há algo de profundamente errado entre a atual e permanente miséria, violência, injustiça social, destruição do meio ambiente, perigo de um aniquilamento geral da humanidade, risco eminente da identidade humana, etc. ao lado de um crescimento cada vez mais acentuado do poder econômico daqueles que dominam a natureza pela ciência e a tecnologia. Podemos afirmar que, se queremos melhorar a condição de vida de todos, é necessário rever a concepção atual de progresso tecnológico. Aqueles que podem, aqueles que têm a ciência moderna nas mãos, usam a Natureza como se fosse uma propriedade, um bem pessoal, para exercer com ela um domínio sobre os outros. O insaciável desejo de ‘controle da natureza’ produz a arma com a qual alguns ficam cada dia mais poderosos e, assim, controladores da contrastante história humana.
Quero terminar com as mesmas palavras com que os PCN encerram um comentário sobre ‘as dimensões do fazer científico, sua relação de mão dupla com o tecnológico e o caráter não neutro desses fazeres humanos’: “Finalmente, é importante reiterar que, sendo atividades humanas, a Ciência e a Tecnologia são fortemente associadas às questões sociais e políticas. Motivações aparentemente singelas, como a curiosidade ou o prazer de conhecer são importantes na busca de conhecimento para o indivíduo que investiga a natureza. Mas freqüentemente interesses econômicos e políticos conduzem a produção científica ou tecnológica. Não há, portanto, neutralidade nos interesses científicos das nações, das instituições, nem dos grupos de pesquisa que promovem e interferem na produção do conhecimento.”[29]
Cabe, portanto, ao professor selecionar, organizar e problematizar as discussões de modo a promover nos seus alunos, não apenas a aprendizagem de um determinado conteúdo das Ciências Naturais, mas favorecer neles um avanço no desenvolvimento intelectual e na sua construção como ser social.
NOTAS:
[1] Brasil, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília, MEC/SEF, 1997, p. 5
[2] Cfr. MEC/SEF, op. cit. p. 7
[3] Cfr. MEC/SEF, op. cit. p. 7
[4] Cfr. MEC/SEF, op. cit. p. 10
[5] M. B. de Oliveira, A Ciência que queremos e a Mercantilização da Universidade - I, p. 3 (A sair em ‘Tempos de greve na Universidade pública’, org. Isabel Maria Loureiro e Maria Cândida S. Del Masso)
[6] G. DUPAS, Ética e poder na sociedade da informação. De como a autonomia das novas tecnologias obriga a rever o mito do progresso. São Paulo, Ed. Unesp, 2000, p. 11.
[7] LACEY, H. Valores e atividade científica, São Paulo, Discurso Editorial, 1998.
[8] DUPAS, G. Ética e poder na sociedade da informação. São Paulo, Ed. Unesp, 2000, p. 19.
[9] DUPAS, G. ap. cit. p. 82.
[10] DUPAS, G. op. cit. p. 100.
[11] DUPAS, G. op. cit. p. 99.
[12] VARGAS, Milton, Para uma Filosofia da Tecnologia, São Paulo, Ed. Alfa Omega, 1994, p. 184-185.
[13] DUPAS, G. op. cit. p. 88-89.
[14] DUPAS, G. op. cit. p. 90.
[15] DUPAS, G. op. cit. p. 92.
[16] DUPAS, G. op. cit. p. 94.
[17] DUPAS, G. op. cit. p. 95.
[18] DUPAS, G. op. cit. p. 97.
[19] DUPAS, G, Tecnologia, razão e moral, O Estado de São Paulo, 23-10-2001, p. A2, c. 4.
[20] LACEY, H. op. cit. p. 13.
[21] LACEY, H. op. cit. p. 141.
[22] M. B. de Oliveira, op. cit. p. 6.
[23] LACEY, H. op. cit. p. 149-150.
[24] LACEY, H. op. cit. p. 150.
[25] LACEY, H. op. cit. p. 150.
[26] LACEY, H. op. cit. p. 145.
[27] LACEY, H. op. cit. p. 159.
[28] M B. de Oliveira, op. cit. p.7.
[29] Cfr. MEC/SEF, op. cit. p.15.
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